segunda-feira, 18 de abril de 2011

A gota d'água



Ufa, acabou. A primeira semana (das dez que prometem ser as mais duras para mim em questão de treinamento até hoje) se foi, já era, se deu por encerrada... Meu Deus, quanto rancor?

Quando estamos confortáveis, em paz, sem maiores preocupações ou estresse, reagimos melhor às coisas exteriores. Parece que nada a nossa volta incomoda: se está sol, porcuramos sombra; come fome, simplesmente buscamos algo pra comer; com sono, apenas dormimos. Basta porém que se encontre em situação de desconforto para tudo lhe tirar do sério. Até sua sombra, sempre cercando, insistindo em ficar perto de você, consegue criar um irritabilidade tremenda.

A medida que a semana foi passando, e o volume de treino aumentando, parecia me encontrar nesse estado de espírito: cada passo a ser dado saía com dor, pesar, como se travasse um duelo. Chega-se a um ponto onde não se conta mais os quilômetros rodados, mas sim os metros, cada toque ao chão, cada poste avistado, estático,  imóvel... 62.395 metros. Esse foi o volume rodado ao longo dos primeiros sete dias, muitos desses metros em pista, 400 massantes metros, morosidade total... ok, trabalho mental, não se esqueça.

Porém nada foi pior do que somar os últimos 21.195 metros. De onde tirar forças quando já se está sem condições de sustentar o próprio corpo ereto, desejando regredir na linha do tempo e projetar seus braços ao chão e se deslocar como um Pan troglodythes. A resposta é simples: não se tem de onde tirar: você sai e tenta correr o máximo que der, dentro do que foi estipulado para o dia. Cada passo, cada gole d'água, cada BCAA, tudo parecia não achar seu espaço dentro daquele ambiente. Estava sim completamento exaurido, fadigado, não tinha mais condições de continuar, acabou.

A marca dos 25 quilômetros não foi atingida, faltou perna, faltou cabeça, sobrou bom senso: é a primeira semana. Uma lesão agora e tudo estaria perdido. Ok criança, volte pra casa pois amanhã tem mais!

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