quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Órfão


     É isso, chegou o grande dia. Após muitas incertezas, desistência da maratona de Buenos Aires, cancelamento da Maratona do Rio (valew Medina!), A Maratona de Florianópolis veio para salvar a pátria. Dia 2 de outubro, exatamente na mesma data que seria a corrida no Rio de Janeiro, estaremos largando às 7:45 hs para a primeira prova em Santa Catarina. Não será o mesmo percurso, mas estaremos pisando nas terras da ilha que abrigará o responsável por me manter treinando e escrevendo. O objetivo maior de toda essa preparação. Lá será realizada mais uma edição do Ironman Brasil.

     Por estar em semana de prova, o coach fez algumas modificações na planilha. Olhando de fora, mais parece uma planilha feita pela minha avó. Toda boazinha, só com corridas de ritmo tranquilo e durações menores que uma hora. O sonho de qualquer um que vem sofrendo uma exposição a grandes volumes, que tendem a aumentar cada vez mais. Mas nem tudo são flores.

     Acostumado a vivenciar as três modalidades ao longo da semana, fazer sessões duplas, às vezes tripla, em um mesmo dia, sente-se um vazio ao ver a programação do dia e descobrir apenas uma hora de corrida. "Como assim, nem um pedalzinho? E a natação? Nenhuma sessão de tiros de 100 metros? Que tal rodagem?". Nada! Agora é hora de poupar energia para a corrida de domingo. Duas metas foram propostas para a prova: abaixar meu tempo (3h57') e não andar durante o percurso. Serão cumpridas? Não sei. Quem cria expectativa, gera frustração. Em dia com os treinos, agora é manter o corpo descansado, cuidar da alimentação e hidratar bem até domingo. Depois da prova? Aí sim, férias!!! Desfrutar das maravilhas de Floripa, depois rumar para o Rio de Janeiro, muita praia, água de côco, sem horários...Falta pouco.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mudança de ares

    
     Domingo, mesmo sendo parte do final de semana, parece estar repleto de rotina. As chamadas "tradições de domingo": macarronada para uns, ir à missa para outros, futebolzinho com os amigos, assistir fórmula 1 e, no meu caso, longão da semana. Esse é o dia reservado para fazer o maior treino de corrida da semana.

     Mas nesse final de semana íamos para São Paulo visitar um casal de amigos, conhecer a filinha deles que acabara de nascer. Com o treino de sábado feito pela manhã, restava-me apenas transferir minha corrida para outra cidade, procurar um evento que talvez se encaixasse ao treino daquela manhã. A parte de evento não seria problema. Em São Paulo, todo domingo é dia de corrida. Seja na USP, no Pacaembu ou no Ibirapuera. É certo encontrar uma prova acontecendo na cidade. O problema é que tinha um treino de 1:45 horas. Onde fazer?

     Uma pesquisa rápida pela internet e descobri que, exatamente nesse final de semana, ocorreria o Meia Maratona das Pontes. Melhor ainda: com largada perto de ondo ficaria. Perfeito! Estava resolvido meu problema. Era apenas chegar o domingo e correr.

     Só que o dia virou. A tarde de sábado ficou cinza, carregada, fria, chuvosa. Pronto, mais um desafio para o domingo: acordar cedo e encarar frio e chuva para treinar ou continuar dormindo quentinho? Esse é o tipo de pergunta que não se pode deixar ganhar forma. Se está marcado, você vai lá e faz. Nada de criar situações problemas para desistir. Não seria nem justo responder a tal pergunta. Quem seria o insano que deixaria o conforto de uma cama macia e aquecida, em uma fria manhã de domingo, para correr na chuva e no frio apenas por prazer? Não conheço.

     Banho quente, café quente, três blusas para cortar um pouco o vento e partiu! Largada às 7 horas, Ponte Transamérica, percurso de 21 quilômetros entre esta e a Ponte Estaiada, bem às margens do Rio Pinheiros. Para quem não o conhece, pareceria um cenário perfeito.

     Partimos com quase 10 minutos de atraso. Com poucos adeptos, não houve tumulto, sem problemas com a largada ou com encaixe e manutenção de ritmo. O dia oscilava entre o cinza chuvoso e um céu azul de outuno. Nada definido para o dia. A blusa de frio já estava na cintura. Era deixar que a corrida cuidasse do aquecimento corporal.

     O proposta era correr a 5'25" por quilômetro, ritmo tranquilo. Difícil seria permanecer assim sem ceder ao desejo de perseguir algumas nucas à frente. Fiz um acordo comigo mesmo: fazer os primeiros 10 km no pace correto e depois tentar forçar um pouquinho, só para animar a brincadeira! Justo.

     Primeiros 10 km chegaram. O cronômetro marcava 50 minutos altos. Um pouquinho abaixo, mas ainda sim aceitável. Beleza, hora de parir para um split positivo. Sabia que faltavam 11 quilômetros ainda, que tenho uma Maratona no domingo seguinte e, por isso, não correria muito forte, somente o necessário para fazer um bom treino.

     Passando pelo quilômetro 12, via-se a placa de 14 km no sentido oposto. Ótimo, estávamos perto do retorno. Seria uma reta até a Estação Santo Amaro. E nesse momento o vi. Ele que por muito tempo acompanhei pelas revistas, no seu blog, passando no sentido contrário. Sérgio Xavier, editor da Runners e da Placar. Pronto, minha primeira nuca alvo. Apertei o passo.

     Já na grande reta, percebi que estava cada vez mais perto do Sérgio, mas íamos em bloco. Estávamos em um pequeno pelotão, todos num mesmo pace. Apertei um pouquinho, cruzei com ele, o cumprimentei e fui. Hora de achar mais alvos, nova motivação.

     O dia, ainda incerto, brincava com as cores. Em meio ao tom de cinza, o Sol rompia algumas nuves e trazi consigo um céu mais limpo. Minutos depois era tomado novamente. Em meio a essas variações, os quilômetros iam aumentando nas placas de sinalização, a chegada estava próxima, era manter o ritmo e chegar. Só que comecei a perceber uma certa náusea. Para um mais otimista, seria o esforço físico naquele momento, mas sabia que não estava tão forte assim. Percebi que o grande problema estava ao meu lado. Não, nenhum corredor em más condições passava por no momento. Na verdade o causador já me acompanha há mais de uma hora. O Rio Pinheiros, e seu cheiro de esgoto, já tinha entrado em minha mente, tomado minhas vias aéreas e estava começando a surtir efeito. Não tinha muito a fazer. Era segurar a barra e terminar.
  
     Mas antes a passagem pelo quilômetro 20. Segunda parcial: 47 minutos. Três minutos abaixo, sem muitos problemas, parecia um bom resultado. Agora era só fazer o último quilômetro, cruzar a linha de chegada e voltar para o conforto do lar.

     Não tão cedo. Antes do fim a cidade de São Paulo justificaria porque é conhecida como Terra da Garoa. Aceitou o cinza como pano de fundo e, como que se passássemos embaixo de um umidificador, fez uma garoa fina e refrescante conduzir-nos pelos últimos mil metros. Estava acabado. Uma hora, quarenta e um minutos e cinquenta e dois segundos. Ainda devia 4 minutos para a planilha. Fica para o Santo. Hora de pegar o trem, voltar pra casa, tomar um banho quente, assistir Fórmula 1, comer uma macarronada...


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Acontece



     Hoje era dia de teste. Após jornada tripla de ontem, uma boa noite de sono, voltaria para piscina para refazer o teste de 30 minutos. Aquecidinha de leve e T30 na cabeça. O último teste, feito 7 semanas atrás, tinha marcado 1575 metros. Ver como estou hoje causava uma certa curiosidade!

     Cronômetro regressivo preparado, o normal também. Dessa vez teria que marcar as parciais a cada 100 metros, o que me faria perder alguns segundos com a manobra. Soltei o regressivo, iniciei o cronômetro progressivo e parti. Simples: piscina não, piscina sim, apertar o botão para a parcial. Não poderia perder a contagem, senão teria dados fracionados. O problema é que o meu relógio, às vezes, por conta de como se aperta o botão, trava duas vezes o tempo. Ao final, para contagem de voltas (piscinas), faz-se confusão com a quantidade rodada, sanando apenas ao se verificar as parciais.

     Uma a uma ia mantendo minha contagem: "uma, duas, parcial...". Lá pela décima parcial ouvi o click duplo. Pronto, dobrara ali, não poderia esquecer disso. Continuei a nadar. Apenas 7:30 horas da manhã, mas o Sol já estava bem alto. E nada do regressivo parar. "Será que estava correndo mesmo?". Poderia estar nadando sem a menor noção de tempo, pois a essa hora não sabia mais quantas piscinas havia feito.

     Quase saindo para mais uma, o bendito despertou. Fim de teste. Parei o progressivo, olhei para o relógio e vi o número de parciais: 18. Tirando a que ouvira dobrar, seriam 16 parciais de 100 metros e a última de 50. Nossa, tinha melhorado 75 metros? Contando com o tempo gasto apertando o botão a cada parcial, mais a diferença de soltar o regressivo para então começar o cronômetro, poderia ter feito mais 25 metros. Demais!

     Estava todo empolgado, vendo, enfim, um progresso descente em minha natação. "100 metros a mais? Muito bom...". Voltei para casa, tomei café, me troquei e trabalho. Hora de ver as parciais, o tempo em cada 100 metros, colher so frutos das manhãs, frias ou quentes, que me jogo na piscina sem pestanejar. Comecei.

     Primeiros 100 metros para 1'53". Ok. Na terceira parcial, como que se saísse de trás de um pilar, onde havia ficado por muito tempo, apenas esperando o momento certo para me assustar, uma quebra na parcial. "Havia perdido isso?". Era o fim da minha glória. Continuei descarregando e vi a segunda quebra (essa, escutada). E lá se foram 16 parciais completas, não 17. Acabava de perder 100 metros em minha tão glorificada marca e, pior ainda, ficar abaixo da distância percorrida na primeira vez. Sei que, se não tivesse marcado as parciais, teria feito mais 25 metros. E daí? Seeriam os mesmo 1575 metros de quando começamos a treinar. Uma pena, esperava melhorar um pouco, nem que fosse meia piscina.

     E o que ficou de bom disso tudo? A necessidade de colocar em prática algo que digo sempre: quem não cria expectativas, não gera frustrações. Significa que se deve acomodar, aceitar como se está e pronto? Não. Deve-se apenas trabalhar duro, cumprir as metas estipuladas, dia a dia, da melhor e mais dura forma possível. Os resultados são consequência. Se vierem, bem. Senão, amém.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Que mundo melhor?



     Estava tudo certo. Hoje pela manhã já estava preparando o novo post: os doze trabalhos. Relataria os 12 dias que antecederiam a Maratona do Rio (dia 02/10). Imagem salva, idéias fervilhando na mente, esperando apenas o momento certo para, em frente à tela branca, começar a discorrer.

     Foi aí que resolvi dar uma sapeada pela net e, ao passar pelo site da Webrun, vejo a matéria piscando: " Yescom cancela Maratona do Rio por causa do Rock in Rio". Pqp, semanas de treino, inscrições feitas,  passagens compradas, uma correria para tentar conseguir uma vaga em algum hotel perto da largada e, de repente, a grande notícia. Brincadeira...

     O problema é que esse não é o primeiro evento cancelado. Uma prova de triathlon que ocorreria esse final de semana também foi cancelada semana passada, pelo mesmo motivo. Isso não tem a ver com logística, com problemas de segurança pública, nada. O certo é que as autoridades do Rio de Janeiro querem manter o foco da cidade nessa máquina de fazer dinheiro: um festival, que se denomina "no Rio" mesmo quando está em Lisboa ou Madrid, que encurrala a todos os frequentadores em um espaço denominado Cidade do Rock e, uma vez lá dentro, aplica preços exorbitantes a produtos de necessidade básica ( em 2001, quando estive no evento, se vendia uma pitchula de água por 5 reais. Quem tentasse entrar com comida e bebida, tinha suas mochilas esvaziadas na entrada do evento).

     A prova era funcionaria como um step em minha preparação. Originalmente iríamos para Buenos Aires, onde estamos inscritos e, caso surte e me convença que o errado é mais gostoso, poderemos participar no dia 9 de outubro. Corte orçamentário, não à Argentina, inscrição no Rio para não perder os treinos até então. Já era! Nunca pensei que reclamaria por não poder correr uma Maratona. Acho que já estou perdendo o juízo.

     Enfim, os treinos continuam, o foco é o Iron, inscrição feita para o Long Distance de Pirassununga (não vai ter nenhum festival por lá em 20/11 não, né??) e bola para frrente. Vou manter a viagem ao Rio, férias, praia, treinos alternativos, tudo de bom. Triste apenas por ver que, aquela que tem como símbolo Ele, de braços abertos, recusou outras formas de interação social por motivos comerciais. Uma pena... Um evento que levanta a bandeira com os dizeres "por um mundo melhor", não deveria usar de influência política para monopolizar toda uma cidade em prol de seu bem maior.

domingo, 18 de setembro de 2011

Impecável



     Realmente não foi fácil. Após exagerar na dose, tive que pagar o excesso e ficar dois dias em repouso. Assim terminei minha quinta semana de treino: não treinando (direito, pelo menos). A musculação de terça, última sessão da semana, foi o divisor de águas. Ali, enfim, senti meu corpo responder positivamente ao estímulo. Estava de volta!

     Terça anoite é dia de receber nova planilha. Hora de matar a curiosidade, ver o quem de novo na semana,  o que se manteve, se promete ser mais pesada ou está mais para uma semana tranquila. A base 6 parecia tranquila. não ofereceria muitos problemas.

     Quarta-feira, como de costume, só musculação. Já na quinta o bicho pega! Natação pela manhã (2100 metros, 45 minutos) e a tarde jornada dupla: 1 hora e 5 minutos de rolo, rodando 34 quilômetros, e, para completar, 1 hora e 10 minutos de corrida, tendo os 50 minutos mediais a serem rodados a 4'55" o quilômetro. Seria algo próximo a 10 quilômetros. Não sei porque, mas acabei rodando 11 km!

     Sexta, natação de manhã (100 metros apenas) e corrida a tarde. Como a natação não tinha oferecido muita resistência, estava me sentindo bem  e, como ia começar a correr mais cedo (17:30 hs), sentia que poderia fazer um bom treino. Aproveitei pra rodar na Unicamp, com um pace planejado para 5'25" por km, acabei fazendo um pouco mais forte (tenho que aprender a me controlar! Não consigo quando acho que posso um pouco mais!!) e fazendo 17 quilômetros 8 minutos mais rápido que o programado.

     Mais um sábado. Dia de pedal, dia de futebol. Há exatamente uma semana, fiz meu treino de pedal logo cedo e fui para o jogo. Resultado: post passado! Dizem que errar é humano, persistir no erro é burrice. Isso não significa que deveria parar de jogar bola, mas sim distribuir melhor as coisas ao longo do dia. Optei por jogar pela manhã, sem forçar muito, e deixar o pedal para o fim de tarde. Sabia que no domingo não teria um longão pela frente, por isso não seria tão desgastante pedalar anoite e correr na manhã do dia seguinte.

     Futebolzinho pela manhã, nível master mesmo: fazendo a bola correr, não eu!!! Quando saí para pedalar, pude perceber que havia sim traçado uma boa estratégia. Sem danos maiores, conseguiria completar as duas horas e meia de pedal sem maiores problemas. Perfeito!!!

     Treino de domingo: mesma corridinha feita na sexta. Eram 15 minutos aquecimento e 1 hora e 30 minutos de corrida, com um pace de 5'25". Fui correr na Unicamp e, como na sexta, corri um pouco abaixo do tempo proposto. Corrida tranquila, musculatura respondendo bem, respiração tranquila, não tinha porque segurar mais. Levei até o fim e rodei os mesmos 17 quilômetros de sexta, em 1 hora e 28 minutos, com pausa pro xixi e para hidratação. Eram apenas 9:10 hs da manhã e eu, enfim, poderia descansar até segunda.

     Na volta pra casa me dei conta de algo muito positivo: tinha cumprido exatamente 100 % do planejado até então. Cada metro proposto, cada braçada na piscina, cada minuto de pedal. E não foi por falta de tentação em roubar uma piscinha de perna ou 10 minutinhos de rolo que tinha chegado a essa marca. A cada momento de fraqueza, a cada pensamento negativo, mal intencionado, aquela conversinha mole do diabinho que paira sobre o ombro, buscava manter o foco. Havia sido feito um planejamento e, por alguma razão, aquela piscina estava ali, aqueles 10 minutos faziam parte do treinamento. Então iria cumprí-los. E cumpri.

     Agora mais algumas horas para a próxima sessão de treino. Os 100 % são momentâneos. A semana não acabou. Estamos longe do objetivo final. Muita coisa ainda está por vir. Já ouvi muito daqueles que lá estiveram: " O pior de tudo não é o Ironman em si. Lá, no dia, você vai apenas aproveitar o momento. O difícil mesmo é suportar toda a carga de treino sofrida até o grande dia". Por isso o valor de cada sessão completa. E que venha a próxima.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem gás



     Estava tudo indo bem. Quinta semana de treino adentro, planilha sendo cumprida à risca, sem maiores complicações. Veio sexta-feira, dia complicado para se treinar. Parecia que todo mundo queria nadar naquele dia! Treino da manhã abortado, feito às 11 horas, sob um Sol implacável, que me deixou bem cansado. Paguei o preço na corrida da noite: eram apenas 50 minutos, pace tranquilo, mas não conseguia mais me manter em movimento, parei com 6 km e fui para casa.

     Sábado era dia de jornada dupla. Se sobrasse gás, tripla! Acordei cedo para pedalar. Tempo feio, querendo chover, optei por fazer a rodagem no rolo (meu novo melhor amigo!). Duas horas e meia em frente à TV. Mundial de Rugbi, canoagem slalom, tudo que se assemelhasse a esporte eu estava vendo. Assim me mantinha motivado, "competitivo". A programação se encerrou, entraram as reportagens, hora de mudar de estratégia. DVD do Metallica para animar!!! Logo às 7:00 hs da manhã o rock "comia solto". Temi que, a qualquer momento, um vizinho apareceria. Não vieram e pude acabar meu treino tranquilo. Segundo café da manhã e descanso. Tinha duas horas até o segundo compromisso.

     Algumas semanas atrás escrevi sobre o problema de tentar fazer tudo junto e acabar sem nada bem feito. Na ocasião fui jogar bola com um pessoal do trabalho e acabei ficando o final de semana sem treinar por conta das dores. Então, esse mesmo pessoal me chamou para participar de um campeonato na Unicamp e eu, impulsivamente, aceitei. O segundo compromisso? Primeiro jogo do torneio, às 11 da manhã de um sábado (à essa hora) ensolarado e muito, mais muito quente.

     Cheguei para o jogo tão cansado que permaneci sentado enquanto não chegava nossa hora. Sentia as pernas cansadas. Tinha puxado no pedal, superestimado minha capacidade física e, até, menosprezado o torneio. Em pouco tempo irira pagar caro por isso.

     Com a bola rolando, comecei a sentir que não chegaria muito longe. As pernas não respondiam bem aos estímulos. Queria correr mais, mas não tinha de onde tirar força. Logo pedi para descansar. Morto, suando um monte, procurava apenas me hidratar, recuperar o fôlego, e voltar pro jogo. E assim permaneci até o fim: dois tempos de 25 minutos que pareceram uma eternidade. Ao final, sentia um cansaço diferente. Descobria ali o verdadeiro significado de exausto. Fui para casa. Queria apenas um banho e cama. Sem fome, muita sede, sem vontade de nada, apenas de ficar deitado. Pra sempre!

     E assim fiquei o resto do dia: queria apenas cama. Litros e litros d'água, suco, na tentativa de conter um sede absurda. Nada de dores, apenas uma letargia generalizada. Parecia que ali, deitado sob um ventilador de teto, havia encontrado meu lugar e, se fosse esperto, não sairia de lá por nada! O terceiro compromisso? Fila Night Run. A princípio correria 5 km na pipoca, mas agora iria apenas como companhia, socialmente e de carro!

     Domingo, dia de longão. 32 quilômetros me aguardavam. Mediante as circunstâncias, optei por dormir até mais tarde e tentar correr anoite. Descansei bem, mas parecia que nunca mais teria vontade de sair da cama. Acho que minhas reservas energéticas foram todas gastas no sábado. Não havia econimizado nada, nem o mínimo necessário para me tentar a fazer qualquer outra atividade. Será que após 15 horas de descanso conseguiria correr? Só tentando para descobrir. Mas a resposta veio rápido. Não precisei passar do primeiro quilômetro para descobrir que iria quebrar. Era, apenas, uma questão de tempo. Hora de voltar para casa. De novo.

     E assim veio para fechar a quinta semana. Ontem fiz o pedal proposto, mas no rolo. Hoje a natação foi um fracasso. Já para acordar, um custo. Nem ânimo para levantarm como se pressentisse que não produziria muito. Ou, justamente por acreditar nisso, realmente não produzi nada. Caí na água. Apenas metade do treino cumprida e, para piorar, quase no tempo total previsto. Ridículo! O certo é que tenho que fazer algo, pensar em como reverter tal situação. Falta de arroz com feijão? Vitasay Stress? Pharmathon? O certo é que assim não dá para continuar. São 24 horas até o início da próxima semana. Tenho que achar o problema e solucioná-lo. Se for falta de combustível, hora de abastecer. Nada de ficar parado no meiodo caminho.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Como se fosse domingo


     Enfim sexta-feira! Último treino de natação da semana, geralmente feito em uma raia só para mim, com um volume considerável, mas fácil de levar por não ter tanta gente no horário. Tinha isso com fato, resultado de quase um ano frequentando a piscina no mesmo horário. Até hoje de manhã

     Logo que cheguei para treinar, às 7 horas da manhã, notei duas coisas estranhas: o Resende (responsável pela turma do triathlon) não estava presente e cinco raias estavam ocupadas (quando normalmente são apenas três). Senti que não seria tão simples treinar.

     Me preparei e fui. Dividi a raia com um conhecido parecia mais sensato do que pegar a raia vazia e esperar o acaso agir. Comecei a rodar, a raia vazia logo foi tomada por dua alunas (que mais conversaram do que treinaram ,diga-se de passagem) e agora estávamos em dois em cada coluna. Foi quando eu vi, em meio a uma respiração frontal, um corpo em movimento perto da borda da piscina. Tínhamos mais um membro do triathlon. E agora, onde ele cairia? Não deu tempo nem de concluir meu questionamento e ele já estava na minha raia. Salve Murphy! Eram apenas 7:20 hs e ele já dava o ar da graça.

     Feito o aquecimento, hora de começar o treino sério. Primeira parte: 12 X 75 metros, com 20 segundos de descanso. Tentava não trombar com ninguém, mas estava difícil. Primeiro, segundo, terceiro. Quando estava no quinto tiro, passando acima do tempo rpoposto e descansando mais que o necessário, pensei apenas no que estava por vir: 700 metros contínuos. Seria impossível fazê-los naquelas condições. Hora de abortar a sessão. Tentaria mais tarde.

     Negociei no trabalho meu horário de almoço, pois sabia que às 11 horas era tranquilo. Mais um fato que cairia por água abaixo no dia. Aochegar na piscina, juro, tinham quase 40 pessoas se aprontando para entrar. Seria algum tipo de pegadinha? Ficava claro que, de longe, seria mil vezes pior do que pela manhã. A impressão que tinha era a de estar entrando em uma piscina de ondas em pleno domingo de sol, em alguma cidade do cerrado, onde a temperatura beira os 40 graus. Tentaria, pela segunda vez, fazer o treino do dia.

     Chorei um pouquinho e consegui meia raia. Refiz o aquecimento da manhã e comecei a sessão de tiros. O calor era tanto, a sensação de estar desidratando era clara, a cada tiro o cansaço aumentava. Estava apenas no meio da sessão e o cansaço já batia. Tinha que acabar logo o treino, antes que ele acabasse comigo. Pulei os 200 metros de soltura e parti direto para os 700 metros contínuos. Eram apenas 14 piscinas e estaria acabado.

     Após 13 minutos e 21 segundos encerrava o que tinha de natação para hoje. Pela primeira vez tive o Sol, do primeiro ao último minuto dentro d'água, me acompanhando na borda da piscina. E, como um técnico rígido, deixou marcas de seu trabalho: ao sair da água, vi o quanto havia queimado. Estava (mais) preto, como se tivesse ficado esturricando durante toda a manhã. Cansado, queimado, mas com o treino feito. Hora de tomar um banho e retomar a rotina de funcionário público. Minhas horas de clube haviam acabado.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Treino é treino, jogo é jogo



     Quarta-feira, 7 de setembro, feriado nacional. Coincidência ou não, é dia de iniciar nova planilha e, geralmente, se começa com uma musculação. Mas a academia estaria fechada, ou seja, não teria o que fazer. Estaria eu de folga? Será? Já estava até eufórico com a idéia.

     Descobri, em plena terça-feira, que teria uma corrida em Barão (Volta da Independência) de apenas 7 km e com largada na esquina de casa. Tive a brilhante idéia de sugerir ao Marcinho corrê-la apenas pra soltar a musculatura, sem compromisso. Como não estava inscrito, não ficaria na pilha de fazer tempo ou coisas do gênero. Mas para uma mente em constante trabalho, basta uma fagulha para se gerar um incêndio. Ele me sugeriu trocar os dias e fazer o treino de quinta na quarta. Acabava de ganhar uma hora de pedal antes da corrida!

     Acordei cedo, fiz um café, me troquei e fui pro rolo. Já havia deixado tudo preparado, tanto para a bike quanto para corrida. A idéia era simples: três sessões de 10 minutos em uma cadência mais alta por 3 minutos de descanso. Começando um pouco antes das 8 horas, acabaria a tempo de fazer minha transição e largar junto com os outros corredores.

     Enquanto fazia o pedal, podia ouvir o locutor tentando motivar a galera, puxando alongamento, enfim, me atualizando de quão distante da largada estávamos. Faltando 5 minutos para às 9 horas, encerrei o pedal, me troquei e fui para a praça. a planejamento para corrida era manter um pace de 5'10" por quilômetro. Tranquilo! Rumo à prova.

     Ao chegar para a largada, percebi que ainda estavam fazendo o alongamento coletivo, acertando os últimos detalhes antes da largada. Como a proposta para o dia era sair para correr imediatamente após o pedal, permaneci correndo pela praça até a hora certa. E ela veio. Menos de 5 minutos e a contagem regressiva começou. Cadenciei para chegar ao pórtico de largada já com condições de sair para a prova, sem ter que parar. Deu certo, estava valendo!

     Primeiro quilômetro, meio tumultuado, muita gente para desviar, tentando encaixar um ritmo, esperando a primeira placa de marcação. Quilômetro 1: 40 segundos abaixo do tempo. Bom. A essa altura já tinha menos tráfego a minha frente e seria apenas questão de definir como correria. Fui.

     Segundo quilômetro com 1'17" a menos. No terceiro já beirava 2 minutos. Sabia que estava fora do planejado, mas me sentia bem e ia pagar pra ver até onde iria. No quinto quilômetro tinha mais de 4 minutos de vantagem e, conhecendo o percurso a partir dali, sabia que nã encontraria muitos desafios até o final da prova. Lancei uma desafio a mim mesmo: acabar os 7 km antes que meu relógio marcasse o tempo estimado para os 6 km. Queria tirar 5'10" do meu tempo de prova. Como fazer? Simples, mirando as nucas que estavam a minha frente.

     Escolhi o primeiro: um "canela fina" 200 metros a frente. Mais parecia uma gazela cansada, frágil, lutando contra o calor escaldante de Barão Geraldo. Não tive dúvidas, parti para o ataque. A essa altura já estava com um pace bem mais baixo do que havia planejado. tão mais baixo que era melhor nem calculá-lo. Primeiro alvo eliminado. Reta final. 700 metros para acabar. Preciso de mais um referencial. Foi então que vi uma corredora rodada aqui da Unicamp. Ela estava bem a frente, correndo bem e, como já estava fazendo força há muito tempo, seria complicado pegá-la. Ótimo! Seria do jeito mais difícil.

     Os últimos 400 metros eram contornando a praça. Tentando tirar a diferença entre nós, via que nos aproximávamos da linha de chegada. Nada pessoal, mas se tinha colocado que iria ultrapassá-la, só se saísse um maluco da torcida e me segurasse. Caso contrário, já era! A menos de 100 metros do fim, um pouco antes da última curva, passei forte, já ofegante, contornei e acabei a prova. Estava a 29 segundos da marca do sexto quilômetro. Pronto, havia cumprido conforme o (meu!!) planejado. O pace de 5'10" foi pro saco. Havia corrido para 4'18". Delícia!! Estava com saudades de correr abaixo dos 4'20'. Sei que havia fugido um pouco do combinado, mas nada como um bando de gente correndo a sua frente para motivar. Parece que estão todos ali te desafiando e a única coisa a fazer é tentar passá-los. Desculpe se não cumpri o que estava escrito na planilha, mas parto de uma premissa básica: treino é treino, jogo é jogo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Fechando pra balanço


     Quarta semana de treino, quarta planilha, até então tudo conforme programado. Para sábado apenas duas horas de pedal, nada assustador e ainda descolei um companheiro para última hora de treino: Luiz Felipe Moura, grande parceiro! Rodamos dentro da Unicamp mesmo, antes da UPA dar o ar da graça, finalizando às 8 horas.

     Fim de treino, tempo apenas para um segundo café, um bom banho, alongamento e já pegávamos a estrada. Destino? Sorocaba! Álvaro Jim Natsume, mais novo cidadão sorocabano, abria as portas de sua nova residência para os amigos com um belo churrasco. Muita fartura: carne, maionese, vinagrete, birita, com tanto japonês presente no recinto, oniguiri. Segurei na parte da bebida, afinal tinha um longão de 30 km na manhã seguinte, mas na comida... Não tinha o que fazer: quem passa a semana comendo no bandejão, a hora que vê uma picanha suculenta, se esbalda!!! E assim fomos até às 19 horas. Chegando na rodoviária, ônibus só às 20:40 hs. Resultado: chegamos em casa depois das 23 horas. E agora, como acordar 5 da manhã e correr 30 km? Estava certo que não iria prestar. Mas já havia cabulado o mesmo treino domingo passado. O faria de novo? Não, isso não.

     Tomei então a decisão mais sensata: dormiria até mais tarde, descansaria o corpo da carga de treino da semana, almoçaria bem, mais um soninho após o almoço e então sairia pra correr. Teria assim uma janela de onze horas entre o que havia planejado anteriormente e o que realmente faria no domingo.

     Acordei, chequei os últimos detalhes e, devidamente fardado, saí para correr. Exatamente às 17 horas iniciava minha joranada. Quando se roda em um lugar delimitado, fica difícil arranjar tantos quilômetros. Tenho alguns percursos de 5 km dentro da Universidade e, para não surtar, o objetivo era somá-los aleatoriamente, até conseguir o volume desejado.

     Vieram os primeiors 5 quilômetros. Depois fechamos os 10 km, 15 km, 20km. Pace pré estabelecido pelo mestre: 5'35". É tanto tempo correndo. Você inicia com o Sol ainda alto, um calor gostoso, um cenário perfeito para treinar. Vem então a transição: dia e noite. O céu fica avermelhado, aquela bola de fogo incandescente, agora não passa de um círculo alaranjado no horizonte, caindo lentamente por trás do horizonte, já com uma temperatura mais amena. Mais alguns quilômetros e a marca dos 25 km é atingida. Agora já é noite feita, céu estelado. Não há mais ninguém, por vontade própria, perambulando pela Unicamp. Ali apenas os que fazem a segurança do Campus e eu. Últimos 5 km e, assustadoramente, sem dores aparentes, apenas um cansaço normal de corrida.

     São 19:50, exatamente 2 horas e 50 minutos de treino, conforme planejado. Na verdade esse é o tempo total, pois descontando paradas de para fazer o "um" e beber água, acabei com um saldo positivo de 3'44".
Havia acabado, enfim, meu longão e, pela primeira vez, sem nenhuma dor. Geralmente, após grandes distâncias, minha marcha se assemelha ao clássico deslocamento de um zumbi. Mas não dessa vez! Talvez, por uma série de fatores, as coisas estavam dando certo. Meu golpe de onze horas surtia efeito: mais sono, melhor alimentado, temperatura amena, resultou em um treino completo e sem lesões, como realmente tem que ser. Quem disse que é necessário acabar um longão todo debilitado? Se isso soa comum, o melhor é rever o planejamento.

     Pois bem, já é segunda-feira e estamos nos encaminhando para fechar o primeiro mês de trabalho direcionado. Quatro semanas de trabalho direcionado por uma profissional, específico para o triathlon. Foram os primeiros trinta dias de uma parceria tem, espero, tudo para dar certo. Nada melhor para comemorar que, a exatamente um mês da Maratora do Rio, mandar 30 km e acabar bem Começa a surgir os primeiros resultados, podemos colher os primeiros frutos. Agora é continuar trabalhando, pois o tempo não para e 27/05/2012 vem a galope.