terça-feira, 2 de abril de 2013

Uma ducha de raios gama

   

   E é chegado o grande momento. Restam 60 dias e, relembrando tudo que foi vivido para chegarmos bem ao evento de 2012, é assustador pensar como estaremos esse ano. E agora, como vencer o Ironman em tão pouco tempo?

   Conversei com muita gente que já esteve por lá (ou até eu desafios piores) e, os amigos do peito, dizem que vai dar, que sou forte, o mais genuíno apoio moral (obrigado queridos!!!). Os mais sensatos já dizem na lata: "você está louco!!!". Soa muito mais fidedigno. Sair do zero (quase negativo) e encarar apenas dois meses de treino é insano. É pedir pra dar errado!!!

    Ainda lembro de temer os 3800 metros de natação mais que as demais etapas da prova. Sabia que precisava apenas sair sozinho da água para que tudo desse certo. Hoje, já "petiscando" as três modalidades, tenho certeza que a água será a melhor parte do meu dia! O problema começará ao pisar em terra firma, ouvir o comando para retirada da roupa de borracha, correr para a primeira transição. Ver a bike esperando para uma voltinha de 180 km será assustador. Pensar em correr uma maratona após tudo isso já otimismo demais!!! 

   Tentando bolar um plano, achar a solução para meus problemas, descobrir algo que pudesse clarear o caminho até floripa, já em puro devaneio, deparei-me desejando uma bela dose de raios gama. Que maravilha seria! Após algumas enxaquecas, talvez náuseas, estaria pronto para o desafio. Viveria normalmente, mas deveria tomar cuidado com as provocações, os batimentos cardíacos deveriam estar sempre estabilizados, respeitando uma faixa limite. Guardaria toda a ira para o grande dia.

   E ele chegaria e então, frente a frente, estaríamos: Ironman e eu. Ele todo pomposo, cheio de si, sabedor de sua fama, do respeito que impõe aos que o desafiam, as vítimas que deixou pelo caminho, e, vendo minha frágil condição física, tentaria me derrubar. Mas eu estaria preparado. Ao primeiro estímulo, deixaria fluir minha ira, já não seria necessário técnicas de respiração, controlar meu coração. Como em um passe de mágica, os olhos esbranquiçados, o efeito da radiação viria à tona, muito maior e mais forte, todo em verde (ninguém é perfeito!), estaria pronto para dar uma lição no velho Ironman, aquele metido! As coisas seriam diferentes...

   O desespero entorpece a racionalidade, a imaginação se torna uma esperança. Ah Bruce Banner, você que é feliz!!! E que venha 25 de maio.