quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Troca...



     Quem não se lembra, na infância, das longas noites de Natal, aguardando para abrir o presente? Ou então   o dia que antecedia o aniversário? "Nossa, por que não chega logo? O que vou ganhar amanhã?". O certo era, como toda criança, ficávamos ansiosos, apreensivos, afoitos por rasgar o embrulho, feito com tanto custo e por muito solicitado por sua mãe para um futuro próximo. Que nada, depois de tanta espera, nada além de destrinchar qualquer barreira entre você e o que estava dentro do pacote fazia sentido.

     Então, eis que volto a reviver tamanha emoção. Toda santa terça-feira me pego, a cada cinco minutos, abrindo meu e.mail. "Será que chegou? O que será que tem de novo? Dessa vez vai ser punk?". Dia de planilha nova é assim: é como ganhar um novo presente. Pode ser que venha o vídeo game do momento, a bike que tanto queria, mas pode vir o suéter que  sua tia avó fez pra você. Não dá pra saber e, enquanto não vem, a angústia toma conta do dia!

     Estranhamente, logo às oito horas da noite, minha nova planilha estava disponível ("aí sim fomos surpreendidos novamente!" Boa Marcinho!). Caraca, ela veio como se fosse "nervosa". Em semana que tivemos o 70.3 de Penha, em que li muita coisa interessante, inclusive rotinas de treino iradas, onde o sujeito tem sessões com 20 tiros de 100 metros, em piscina de 50 metros, a minha não deixou por menos. Logo de cara observei o volume diária: dois dias acima de 2000 metros e em 45 minutos. Mais uma corrida com os olhos e vejo, bem lá no meio da planilha, ela que me parecia uma série insana: 16 tiros de 50 metros. Só faltou ser em piscina de 50 metros e a brincadeira estaria completa! Novos elementos foram inseridos: treino de rolo, novas cadências, uma natação mais forte e, como não poderia faltar, ele, o fanfarrão do treino: o longão de domingo. 30 km pra começar bem a semana de trabalho!

     Estamos apenas na quarta semana de treino, no período de base, mas as sessões já começam a encorpar, ganhar formas arrojadas. Deixam claro o porque de estarmos ali. Me lembram a cada série, cada piscina, cada minuto sentado na bike, a cada quilômetro rodado qual o objetivo disso tudo. O Ironman em si será apenas mais um treino duro. O que passaremos até lá sim vai deixar marcas, machucar, separar os homens das crianças. Não haverá tempo para fraquezas ou doces ilusões, apenas a dura realidade: treino, treino e mais treino. Portanto, talvez, deva desfrutar de cada momento de minhas terças, onde, por alguns instantes, me permito deixar de racionalizar e volto a fantasiar, no aguardo pela próxima etapa, mesmo que, ao chegar, me tire do transe, coloque meus pés no chão e faça com que veja a verdade: "eis aqui mais uma semana de muito trabalho".

   

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