Parece que foi ontem. Primeiro um pequeno contra-relógio de fim de ano, preocupação se conseguiria concluir os 300 metros de natação ou se precisaria ser resgatado, a primeira assessoria, primeira planilha, os treinos de ciclismo com a, carinhosamente chamada, pau velho. Pegando ritmo, gosto, estávamos realmente envolvidos com a modalidade. Decidimos investir, comprar bicicletas próprias de estrada, nos enforcamos para quitá-las, mas aquele brilho no olhar não tem preço...Sábado, fim de tarde, a campainha toca, enfim chegaram. Como se fossem pequenos nenês, o manuseio era cuidadoso, a retirada do carro era calma e, ali mesmo na rua, iam ganhando forma. Nós continuávamos ali, babando, admirando toda a beleza de nossas "meninas".
Conversa de bar, Ironman 2013, plano de metas, "por que não 2012?". Por que não? Inscrição feita, segunda assessoria, pouca bagagem de triathlon, muito volume, treinos oriundos de uma mente talentosa e perturbada, capaz de te colocar frente a frente com seus limites. E assim seguiram-se os meses: rotina, treino, treino, trabalho, treino, treino... bons momentos, maus momentos, alegrias e tristezas oscilavam e, assim, dava-se forma aos meus dias.
Aproximando-se do grande dia, assolado por uma gripe, o corpo debilitado, mas a mente não querendo desistir, sábias foram as palavras que chegaram aos meus ouvidos: "se fosse um cachorro, deitaria e esperaria passar. Não force contra a natureza". Preferi descansar. Parei para contabilizar o tempo que ainda resta e cheguei ao número fatídico: 9,5 semanas. Nove semanas e meia? Impossível não fazer um trocadilho com o filme de 1986, onde Kim Basinger já era Kim Basinger e Mickey Rourke ainda cabia no papel de galanteador. Fica, então, apenas uma dúvida: Serão essas semanas de amor?
Os treinos se intensificam a cada semana, as planilhas surgem na tela do computador com uma imagem imponente, assustadora, carregadas de informação, dados, metas. Mas não dá para negativizar a treinamento. Após uma série forte de natação, já na borda, esboçando um semblante de cansaço, ouço inesperadamente Donga, a algumas raias de mim, gritar: "sempre sorrindo. Sempre sorrindo". Entendi na hora que deveria agir assim em cada sessão, cada série forte, ao longo de 5, 6 horas de pedal (mesmo que tenha um vento contra com uma velocidade de 67 km/h), ou se estiver correndo cheio de dores, embaixo de um Sol escaldante, com dor de barriga e morrendo de sede, tem que ser com prazer. Sempre sorrindo, esse é o lema. Talvez conduzindo os dias que antecedem o Iron dessa forma, consiga ter minhas 9 1/2 semanas de amor! Agora chega de bobagem e vamos dormir, porque amanhã tem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário