Quem não se lembra dele? Em meio a uma voz arrasta, beirando a embriaguez, e um hit que movimentou uma geração e até hoje é usada como motivacional para prática de exercício, Rocky Balboa marcou seu lugar nos anos 80. Um cara determinado, batalhador, disposto a tudo para conquistar seus objetivos. Mas em meio a tantas características, uma em especial prendia minha atenção: por que ele apanhava tanto antes de resolver a parada? Pelo amor de Deus, devia gostar muito de ser esmurrado. Funcionava de uma forma simples: ele só apanhava. Eram 9, 10 rounds levando soco de todo jeito, até que, de uma hora para outra, ele se transformava. Nada de íris ficando branca, o corpo ficando verde, mas o rapaz simplesmente resolvia espancar o adversário e dar fim ao confronto. Apanhava 10 rounds e resolvia em 15 segundos? Não dava para entender.
Pois bem, essa semana tive minha semana Rocky. Tudo começou quando decidi afrouxar a rédea da dieta e beber duas latinhas na sexta-feira. O prazer de retomar o ócio me levou a beber duas garrafas no sábado (acompanhado de um pacote de salgadinho), alguns chopes no domingo (e mais petisco) e, encontrando uma segunda de descanso (oficial, estava na planilha!), meu corpo interpretou tal sequência como férias. Pronto, estava criado o problema.
Terça-feira, como de costume, acordei às 5 horas, tomei meu café e saí para treinar. Andei 200 metros no máximo e, com um ar friozinho que me rodeava, senti uma preguiça descomunal tomar conta de meu corpo e mente. Não hesitei nem por um segundo, retornei com a bike, entrei em casa, troquei de roupa e voltei para cama. Que delícia! Dormi até quase oito horas.
Quarta era dia de treino, então nenhuma atividade proposta, mas quinta-feira chegara e, com ela, mais atividades. A mesma rotina: acordar cedo, tomar café e partir para o treino. Novamente a preguiça me fez desistir no meio do caminho e minha cama foi meu destino final. "De novo? Até quando seguiria com esse ritmo?". Algo tinha que ser feito e deveria ser logo.
A tarde tinha uma corrida para fazer. Decidi que era hora de começar a pagar pelas escolhas erradas. Coloquei toda a parafernália da natação em uma mochila, calcei meu tênis e saí para treinar. Iria fazer o treno proposto para aquele período e pagar a natação da manhã. Seria um pouco excessivo, mas precisava me dar um choque.
E funcionou. Foram quase três horas de treino ao todo. O corpo novamente estava endorfinado, querendo mais. Me sentia novamente no caminho certo. Sim, demorara um pouco para reagir, mas havia sido a tempo de virar o jogo. Era hora de dormir e testar logo cedo se tal sensação não era passageira. Sexta, às 5 horas da manhã, teria minha terceira chance de treinar cedo. Conseguiria dessa vez?
Ao acordar senti a diferença. Outro ânimo, sem dúvidas ou mal pensamentos. Tudo muito mecânico: acordar, tomar café, me trocar e partir. Peguei a estrada e, em meio ao nascer do Sol e o pôr da Lua, cheguei ao meu destino. Estava de volta! Havia vencido essa batalha. Não, não espero que nada mais venha a me atrapalhar daqui para frente. Faltam onze semanas e, com certeza, muitos obstáculos aparecerão. Espero apenas que consiga reagir mais rápido. Não posso me dar ao luxo de passar uma semana aceitando passivamente meus desejos mais sedentários. Falta muito pouco e não quero por tudo a perder. E não posso. E que venha o Ironman.
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