terça-feira, 29 de novembro de 2011

Onde tudo começou



   Como o tempo passa rápido. Lembro-me bem de como tudo começou. Estávamos finalizando o multiathlon de 2010, aquela energia boa, todos confraternizando, quando o assunto surgiu na roda: Duathlon Contra Relógio da FEF. Evento idealizado pelo Orival, professor, atleta (onze Ironmans nas costas), apoiador de tod e qualquer idéia voltada ao esporte, amigo. "Como não participar do evento?". Seria uma falta de consideração. Tinhamos que marcar presença. Seriam 300 metros de natação, 2300 metros de corrida e um problema: 25 anos separavam minha última vivência em uma piscina. Seria capaz de completar os 300 metros?

     Procurei o João Fortes, parceiro das antigas no curso de Educação Física e técnico de triathlon, e pedi a ele se poderia frequentar sua turma nas três semanas que antecediam o evento. Ele, entendendo a situação, me autorizou e ainda se prontificou a me auxiliar. "Pra começar, aqueça 400 metros". Acho que não tinha sido muito claro. Recoloquei a situação, deixando claro que o que ele tinha como aquecimento ultrapassava a metragem que tinha como meta. Fechamos então séries de 25 metros, com descanso entre elas. Não cheguei , somando, nem perto dos 400. A coisa estava feia. Seria eu capaz de realizar a prova?

     Já motivado com a idéia, pedi ao João que montasse uma planilha com as três modalidades. Começava ali minha aventura pelo mundo do triathlon. Treino todo dia, com o foco na natação, vivenciava toda aquela miscelânia de modalidades. Tudo novo! Até a corrida, por muito tempo minha atividade número um, combinada, parecia responder de forma diferente. Estava encantado, comprometido, dando o meu máximo. "Mas e os 300 metros, sairíam?".

     Faltando uma semana para o duathlon e com as inscrições se encerrando, resolvi que era hora do tudo ou nada. Quarta-feira, quase 19 horas, fui para a piscina, me troquei, entrei na água, respirei fundo e fui. Só tinha uma chance. Rodei, tentando pensar em tudo que haviam me passado, parte técnica, respiração, tudo. Sem perder a conta, me mantive, constante, indo e vindo, seis vezes, seis piscinas, 300 metros. Com quase sete minutos obtive minha resposta: conseguiria cumrpir o desafio. Corri para secretaria e, como que por honra ao mérito, fui agraciado com a última vaga do evento. Quase!

     Por via das dúvidas, na hora da inscrição, chutei alto e coloquei meu tempo em 9 minutos. " E se eu precisar?". Vai saber... Isso me colocou como segundo a largar, atrás apenas de uma aluna da graduação (também pessimista!). Cinquenta inscritos, ordenados de forma decrescente em relação ao tempo estimado para a natação. Hora da diversão!

     Chegamos no sábado às 17 horas, todos retirando seus kits, sendo numerados pela organização, montando suas áreas de transição e, por que não, confraternizando. Muitos alunos, conhecidos do mundo esportivo, estavam ali sem muito peso, com o intuito apenas de fechar o ano com uma grande festa. Alguns aqueciam na piscina, outros se continham com um aquecimento "à seco". Uma rápida reunião para explicar o funcionamento da prova e pronto. Primeiro atleta na água, início de prova.

     Sessenta segundos. Esse era o tempo que separaria os atletas na largada. A partir daí, seria tirar na braçada e na pernada.Depois, contabilizado o tempo total, anunciariam os ganhadores. Fiz uma natação conservadora. Nada confiante, alternei o craw com peito em um dado momento, o que me custou alguns segundos. Desisti da idéia, retomei o nado livre e concluí a natação. Saí meio atordoado, corri a zona de transição, coloquei meu tênis e parti. Agora sim começaria a brincadeira para mim.

     Sabia que minha natação tinha sido ruim. Não havia feito um tempo muito bom, mesmo sendo beeeem menos que os 9 minutos propostos! Teria que voar baixo na corrida se quisesse fazer um tempo significativo. E voei. Apertei o ritmo de uma forma descomunal. Volta a volta, sentia que trabalhava no limite, buscando técnica à pressa, pegava as pulseiras das voltas e aguardava a tão sonhada frase: "última volta". E ela veio. Puxei como se fossem meus últimos 400 metros em vida. Fechei com muita dificuldade de respirar. A essa altura não havia técnica, só força. De vontade! Subi em direção ao pórtico de chegada e fechei a prova. Era o fim!

     Recebi com colar havaiano e água de côco, uma banda tocando ao vivo o bom e velho rock n' roll, vi como tempo final 15 minutos e 20 segundos. Descontando o tempo da natação (6'28") e o da transição, vi que tinha corrido com um pace de sub 4 minutos por quilômetro. Aí sim!!! Agora era acompanhar os outros 48 atletas e aproveitar a festa.

     Ao final do evento, na cerimônia de premiação, vi que meu tempo de corrida tinha sido o mesmo dos vencedores (por sinal, atletas de ponta do triathlon) Willian Barbosa e Donga. Acabei em décimo quarto geral e com uma pilha tão grande, mas tão grande que passei os quatro meses seguintes à procura de uma bike para treinar sério. O resto da história já sabem: comprei a bike, criei o blog, me inscrevi no Iron de 2012, comecei a treinar com o Marcinho e, doze meses depois, continuo na mesma pegada daquele 27 de novembro. Final de semana vamos para o terceiro duathlon contra relógio da FEF. Desta vez nadando um pouco melhor, mas recuperando ainda o ombro luxado. Hora de rever os amigos, fazer uma competição saudável e, por que não, antecipar a comemoração de  meu aniversário! Aí sim (de novo)!!! E que venha sabadão!!!

sábado, 26 de novembro de 2011

Por uma semana



     Com o Long de Pirassununga feito, a semana foi praticamente de descanso. Uma soltada na piscina terça, massagem na quarta, tudo como manda o figurino. Era tentar recuperar o corpo para dar continuidade ao trabalho.

     Planilha nova na mão, percebi que, como de costume, o maior volume estava no final de semana. Sabendo dos compromissos, resolvi antecipar os treinos e, já na quinta-feira, realizei o que planejara para sábado. Por que? Porque sábado havia marcado uma partida de tênis (não, não jogo tênis) com um amigo na FEF. Estamos adiando o tal embate há muito tempo e ele, chato por si só, não sairia do meu pé enquanto não jogássemos. Joguemos!

     Com duas horas de atraso, entramos em quadra e começamos a bater bola. Ridículo! Melhor definição para minha atuação não há!! Cada um na sua. Não tinha motivos para estar ali, mas estava! O Sol castigava, fazendo me lembrar do meu último domingo. Em meio a tantas bizarrices, uma bola ou outra passava e, na medida do possível, o jogo fluía.

      De repente um saque entrou. Perfeito! Estava pegando o jeito da coisa. Trocamos mais algumas bolas e fui novamente sacar. Cheio de confiança, não tive dúvidas: lancei-a o mais alto que pude e, com o braço bem estendido, fui buscá-la bem acima da minha cabeça. Com o contato, só ouve tempo para um barulho ensurdecedor, um desconforto absurdo e o chão quente para me amparar. Sabia o que estava acontecendo, não era a primeira vez, mas há muito na passava por isso. Meu ombro luxara. Sem muita economia, caíra bem abaixo do cavidade glenoidal e uma dor tremenda começava a tomar conta do meu corpo.

     Rapidamente tentei gerenciar quem por perto estava para fazermos a manobra e colocá-lo no lugar. Só lembrava das palavras do meu técnico: "um simples futebol pode te tirar de ação". Pronto, estava colocando em jogo um semestre duro de trabalho e, principalmente, um futuro de treinamento. Foram seis anos sem cair na água por medo de lesioná-lo (novamente). Consciente das minhas limitações, sempre evitei situações que me expunham. Natação era uma delas e o tênis, outra!

     Encostei no alambrado, apoiei o braço e, sem muita conversa, coloquei no lugar. Alívio? Antigamente sim, mas não dessa vez. A dor continuava. Continua. Está doendo muito. Hora de apelar para os analgésicos e anti-inflamatórios. Hora de descansar, tentar recuperar. Será que terça já poderei nadar? Não sei. E o duathlon de sábado, estou confirmado? Tomara. O certo é que, por conta de um descuido, uma atividade descompromissada, joguei para cima tudo em que estou trabalhando. Espero conseguir pegá-la antes que caia no chão e se quebre. De vez!

domingo, 20 de novembro de 2011

Vivência


     Pirassununga, 20 de novembro. Dia de realmente iniciar no triathlon. Até agora muuuuito treino, muuuita conversa, mas pouco prática. Na verdade nenhuma. Nunca havia feito uma prova de triathlon, muito menos simulados ou treinos que envolvesse as três modalidades. Pra começar? De cara um meio Iron (conhecido como Long Distance). Metragem? 1900 metros nadando, 90 km de pedal e uma meia maratona para fechar a conta. Lá fomos nós.

     Chegamos no local da prova muito cedo. 6:30 de uma manhã fria, responsável por uma névoa sobre a lagoa onde seri realizada a prova de natação. Logo cedo e esse tipo de problema? Ninguém merece... Hora de arrumar a bike e montar o equipamento na área de transição.

     Com a largada às 8 horas, o Sol fez a sua parte e, para sorte de muitos, aqueceu o dia e desapareceu com qualquer sensação de frio. Tornou a lagoa, até então com um semblante nada convidativo, o desejo dos mais de 600 participantes do evento. Todos à postos, toucas e óculos ajeitados, nos jogamos na água e, como gladiadores, tapas e pernadas foram trocadas em busca da conquista de um espaço dentro d'água. Duas voltas de 950 metros sem problemas. Na verdade se revelaram, futuramente, a melhor parte da prova.

      Saída em corrida da água, meio que tentando se acostumar com a nova posição do corpo, em direção às bikes, um batalhão se deslocava pelo trajeto demarcado no chão. Hora de gastar alguns minutos. Secar bem os pés, comer algo, carregar os bolsos com coisas sólidas, calçar sapatilha, colocar capacete e sair para o ciclismo. 

     Já perto das 9 horas, o Sol estava com a corda toda. Parecia estar se divertindo com o evento e, curioso, resolveu se aproximar um pouco mais. Pronto, castigou a todos. O calor estava forte, mas suportável. Nada assustados. Então, antes dos 5 km de bike, alguém ligou uma turbina de vento. Era impossível pedalar sem fazer força. Profissionais, amadores, todos imploravam para desligarem aquele vento. Nada, ninguém ouviu. Conhecendo o percurso, restou-nos esperar a grande curva do retorno. Triste surpresa. Descobrimos que o vento  faz curva! Encabulados com tamanha traquinagem, continuamos com um pedal forte, duro, sob forte resistência do vento, tentando não perder o ritmo. Tínhamos uma meta: sub 3 horas. A primeira volta mostrou ser possível. Entre a vontade de dar pernada e a cautela, ultrapassando desde bike simples até bikes tops (sim, o motor está realmente funcionando!), fechamos as 4 voltas (com as transições) em 2:49 hs. Guardar a bike, calçar o tênis e sair para corrida.

     A essa altura o Sol já estava batendo palmas ao lado dos corredores. Sob um calor escaldante, ficou claro que fazer os 21 km, até então prova agradável de se correr, seria um jogo físico e mental. Praticamente um teste. Hora de ser colocado à prova.

     Eram duas voltas. Estratégia? Fazer a primeira com um pace suave, conhecer o percurso e, se ainda tivesse forças, puxar na segunda. Não foi preciso muitos dígitos na quilometragem para descobrir que acabar sem andar era o que restava como meta. Ritmo encaixado, passo a passo, num esforço descomunal, o corpo continuava em movimento.

     Meta de 1:40 horas na corrida? Cancelado! Tentar fazer sub 5 horas na prova? Muita prepotência! Era hora de abaixar a bola e respeitar a prova. Único pensamento presente: "é só a metade". E com dois copos para jogar na cabeça e um para hidratar, cumprimos os 21 km e o Long Distance de Pirassununga. Primeira prova de triathlon realizada, primeira porrada na cabeça. Mais uma lição!

     Ficou claro que estamos engatinhando rumo ao Ironman. Muito treino ainda está por vir. Nem tantas provas de triatlon, mas muita vivência deverá passar até maio. Agora é hora de dar uma recuperada e esperar que as cargas de treinos inflem como um baiacu e que corpo e mente seja pulverizados! Assim, quando o grande dia chegar não apresentará novidades. Será mais um treino duro. Estaremos preparados para tamanha carga. Estaremos prontos!

     Ah, o tempo da prova? Bem, a idéia inicial era fazer entre 5: 40 horas e 5:50 horas. Na sexta o Donga (campeão nacional na categoria do X-Terra em 2010) alertou para um possível 5:20 horas. Depois de muito perrengue e sem relógio para controlar o pace, finalizamos em 5:19 (sem correção). Um bom começo. Que venha o próximo desafio.

     

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nos mínimos detalhes


     Parece que meu inferno astral transbordou e atingiu aqueles que me cercam. Medo!

     Se existe alguém certinho, todo metódico, essa pessoa é o coach Márcio Lazari. Treinos detalhados, feitos para serem cumpridos à risca. Piadinhas nem sempre são bem vindas. Vivo levando uns esporros pelas minhas intervenções fanfarrôneas. Atraso com planilha então? Nunca! Até essa terça. Como não consegui pagá-lo no dia (segunda), dei mais 24 horas para ele. Mas, ao ligar o computador e não ver o e.mail "Sem assunto" com meu arquivo semanal, fiquei preocupado. "Cadê meu técnico?".

     Passei a manhã tentando contactá-lo. Sem sucesso. Tentei após o almoço e aí sim consegui. Com uma voz cansada, penosa e cheia de dúvidas, me disse que está internado, fazendo alguns exames em busca de uma resposta definitiva para seu problema. Achava que era meningite, mas ninguém sabe ao certo o que é. Resta apenas aguardar pelos resultados e sanar a questão.

     Fiquei triste. Um cara cheio de vida, sempre ativo, de repente se vê internado. Me lembrei do meu post anterior, feito horas antes de falar com o Marcinho, e vi por quão pequenas são as coisas que estou me deixando abater. Tosse? Gripe? Por favor, chega de chorar pelos cantos, buscando confetes. Hora de trabalhar. E sério.

     Ressuscitei a planilha da última semana e parti por treino de quinta-feira. Uma hora e cinco minutos de pedal, rolinho para variar, em frente ao computador, atualizando os seriados perdidos nas últimas semanas. Fácil sem muitos problemas. Como dito anteriormente, as pernas estão respondendo bem aos estímulos do pedal. Estou bem, confiante, forte para encarar a jornada que me espera. Hora de sair da bike e partir para corrida.

     Porém seria diferente. Comprado há uma semana, mas só usado à passeio, iria estrear meu Vibran. Com a fiosofia de recuperar os antigos costumes do homem, descarta o uso de amortecedores e traz a oportunidade de correr praticamente descalço. Calsei o meu e fui para meus 9 quilômetros noturnos!

      E corri. Foi nostálgico. Voltei aos tempos de futebol de rua, golzinho, descalço pelas ruas de Goiânia, perdendo a tampa dos dedões meio fios à fora. Sensacional! Tudo é uma questão de adaptação e com o Vibran não é diferente. Sente-se bem a "sola" do pé, parte que entra em contato com o chão durante a corrida, bem como a panturrilha. Nada que interrompesse o passeio. Sentir o pé livre, leve, sentir toda a mobilidade durante à corrida, é realmente um novo fator motivacional para a modalidade. 40 minutos bem aproveitados, fim do treino. Hora de descansar, colocar os pés para cima e descansar. Chega de moleza. O Long está aí. Estamos de volta. 

     Marcinho, melhora daí que eu vou tocando por aqui. Abraços coach!

Aos trapos



     Alguns acreditam na mística do inferno astral. Um mês antes do seu aniversário sua vada passa para o nível HARD e as coisas começam a se complicar. Geralmente tudo de ruim que tem pra acontecer, acontece nesse intervalo de tempo. Crenças à parte, o meu começou adiantado. Ao que tudo indica serão 45 dias de labuta, muita pancada e muito casca grossa para chegar até o dia 4 de dezembro.

     Desde o final de outubro que a coisa anda complicada. Em todos os aspectos. Muita coisa acontecendo de uma só vez. Não deu para separar em compartimentos. A vida não funciona assim. Sobrou para o treinamento.

     Na verdade descobri no pedal minha válvula de escape. Fico horas ali, pedalando, vendo o asfalto passar sob meu quadro, me ajudando a gastar algumas horas do dia. Funciona como uma meditação. Entro em um estado ímpar de concentração. Ali esqueço meus problemas, anseios e fraquezas. Tentando tirar proveito de tudo, este é um ponto positivo. Junto com a corrida, me mantém ativo, vivo, fora de casa, com um pouco de foco. Agora a natação...

     Coincidência ou não, após algumas ausências na piscina, entrei em uma semana de treino um pouco mais forte do que estou acostumado. Várias séries de 75 metros, 100 metros, 200 metros, todas propostas com tempos abaixo do que costumava fazer. Resultado: as duas primeiras eu batia em cima. A partir daí, já estava acima. Sem muita motivação, desistia de continuar, me retirava silenciosamente da piscina e me omitia em meu fracasso. Alternando faltas e fracassos, assim preenchi minhas 3 últimas semanas de treinos de natação.

     Começo a ficar preocupado. Não posso me dar ao luxo de fraquejar. Desistir não é uma opção. Tenho que buscar, de alguma forma, motivaçao. Voltar a treinar como antes, onde, por mais duro e penoso que fosse, cumpri à risca o planejamento. Estou fraco, cansado e, para ajudar, gripado. Desde domingo, após o treino de corrida, veio sendo assolado por uma tosse carregada, peito cheio, noites mal dormidas e dias arrastados pela moleza. O que estava difícil, piorou.

     Estamos a uma semana de uma Campeonato. O foco era todo para essa primeira fase. Seria o dia de colocarmos tudo em prática. Justificar os últimos meses de esforço. Mensurar como estamos em relação ao objetivo final. Deveria chegar bem preparado, fisica e mentalmente, para a prova. Ao que tudo indica, chegarei com um pouco mais de problemas que o esperado. E agora, o que fazer?

     Agora? Simples, dar a volta por cima e mandar ver. Só de pensar nos problemas que estava construindo com tantas faltas, não tive dúvida ao cair na água hoje e mandar ver. Sofrido. Difícil ter que nadar e tossir. Realmente não é um bom reflexo para se ter submerso. E a gripe? Banho quente, leite quente, cama quente, corpo quente. Complexo vitamínico e mais treino. Agora é traçar um paralelo. Saber conduzir o planejamento e a doença até semana que vem. Não dá pra abaixar a cabeça. Imagina? Ainda faltam 25 dias, muita coisa pode acontecer. Se a crendice realmente existir, é melhor estar preparado. Enquanto isso, hora de recomeçar. Vida que segue...

    

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como um bom menino



     Manter o ritmo. Eis uma coisa complicada de se fazer. Tem que se pensar adiante para cumprir com rigor a proposta. Correr com um pace de 5'30", por 1:35 horas, não exige tanto. A tendência é se sentir bem, começar a puxar um pouco mais e, quando se vê, já estamos correndo bem abaixo do proposto. E daí? Estava competindo com quem? Por puro prazer, para se sentir mais rápido, acaba-se colocando tudo a perder. Não mais.

     Ontem tinha como treino a situação acima. Saí de casa com uma única palavra em mente: precisão. Fiz o aquecimento como deveria ser feito (6min/km) e comecei a correr no pace estimado. Daria algo próximo a 17 km. Correira 15 km na Unicamp e o restante seria o retorno para casa. Acertado o cronômetro, hora de começar.

     Um, dois, três, cinco quilômetros depois tinha aberto um minuto de vantagem apenas. Pouco, mais se continuasse assim, seriam três. Reduzi e comecei a segunda volta, fechando os 10 km com apenas 47 segundos de vantagem. "Aí sim!". Era fazer a última volta na mesma tonada e ir para casa.

     Cadenciado, bem fisicamente, louco para puxar, mas cumprindo com rigor minha meta, abri a terceira volta. Inverti o sentido por questão de logística. Acabei os 15 km e, incrivelmente, apenas 37 segundos me separavam do tempo correto. Rumei para casa, onde cheguei com a diferença consevada.

      Foram 19 km feitos conforme a planilha trazia. Todos os desejos foram bloqueados. Um treino feito sem interferências pessoais ou deslumbres. Me senti como um garoto que faz todo o dever de casa, tira grandes notas, apenas para poder bricar depois das 16 horas, ganhar um dinheiro para comprar figurinhas ou viajar com o amigo. O certo é que, haverá sempre o anjinho e o diabinho, um em cada ombro, ditando o que fazer, cabendo a nós escolher o que fazer. Dessa vez, ponto para o anjinho!


Motorizando


     Não há dúvidas: comprei uma boa bike. De uma marca renomada no ciclismo, possui um quadro ótimo, ma seus componentes, como a própria categoria à qual pertence, são de entrada. É usado o que há de mais simples, o que inferioriza a bicicleta e a deixa com um preço mais acessível (????).
     E aí a vontade de dar uma melhorada, trocar algumas peças ou até mesmo arranjar uma bike própria para o triathlon. Mas, mesmo antes de adquirí-la, ouvi do Mestre Orival :"Compre uma Caloi 10 e vá dar pernada. Sem motor, não adianta carcaça". Ultimamente conversei com muita gente a respeito do assunto e a resposta é sempre a mesma: "Precisa de ter motor. Não adianta ter bike top, tem que pedalar bem". Consenso.

     Sábado foi dia de pegar a estrada. Longão de bike marcado, três horas de pedal. Mogi, lá vamos nós!!! Sozinho, para variar, devidamente aquecido, encaixei o ritmo e fui. Prestando atenção na postura, na pedalada, na cadência, tudo que poderia interferir na performance. Corrigir agora para não pecar depois. Tudo indo muito bem até que aconteceu. Dois ciclistas, com seus bonequinhos do Ironman na panturrilha e suas bicicletas TT passaram por mim. Pronto, hora de por à prova tudo conversado anteriormente. A idéia era simples: não perdê-los de vista. Passá-los talvez fosse demais, mas conservar a distância entre eles e eu não.

     Nem só de retas é formada a estrada que liga Campinas à Mogi. Nas descidas, mesmo atingindo quase 60 km/h, ficava difícil não perder um pouco de contato. Ponto para aerodinâmica. Agora, quando as pirambeiras apareciam, ficava claro que estava melhor das pernas que eles. Mal começavam a subir e já estavam fora do selim, fazendo força, jogando a bike de um lado para o outro. Brincando com as combinações da bike, e sem nenhuma vergonha, jogava na coroa menor, me ajustava e, sem perder na cadência (90rpm), fazia a rampa sem me erguer, tirando bastante a vantagem conseguida por eles na descida e retomando o contato proposto. Permanecemos assim por quase 30 quilômetros. Então, como que surgisse do nada, apareceu algo que parecia uma encosta  de uma montanha, uma imensa ladeira. Talvez nem fosse tão grande, mas pelo cansaço do momento, essa era a sensação! Decidi não forçar tanto, pois meus planos incluiam mais algumas horas de pedal. E assim os vi sumirem no cume e, ao chegar no topo, não os via à frente.

     Segui a jornada, passando pelo viaduto de Holambra e seguindo rumo à Mogi-Mirim. Mesmo sozinho, com vento na cara, seguia harmoniosamente. Cruzei com um ciclista, voltando à pé, empurrando sua bike na contramão. Reduzi, ofereci ajuda. Ele disse que o pneu tinha rasgado, mas que já havia solicitado socorro. Continuei meu caminho. Por pouco tempo.

     Acho que nem um quilômetro havia se passado após o encontro quando, na altura do posto de descanso da Rodovias, ouvi aquele barulho que perambula em todos os pesadelos dos ciclistas: shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..... Pneu furado!! Que beleza, hora de colocar as aulas de mecânica em pratica. Saí da estrada, retirei a roda e observei que um arame, tipo grampo, havia perfurado o pneu, entortado e furado novamente. Dois furos!!! Uma semana de vida e já tinha dois furos no pneu novo. Iria ser premiado com todos os cacos, arames e pedras presentes na estrada entrando por aqueles buracos e furando minhas câmaras de ar? Isso inviabilizaria chegar em casa pedalando. Por via das dúvidas, melhor fazer o retorno e tocar pra Campinas. Quanto mais perto de casa, mais fácil arranjar carona. Dobrei um pedaço de plástico e o coloquei na altura dos furos. Assim, entre a câmara e o asfalto, teria uma proteção extra. Era contar com a sorte e partir.

     Passando pelo viaduto de Holambra, vi que meus pacers saiam do posto, logo à frente. Ótimo, começaria a diversão novamente! Sabia que a volta é mais suave e, por isso, poderia forçar um pouco mais. Me mantive na cola. Observava que, a cada subida, pior era o rendimento de ambos. Seguindo a leis da selva, e no papel de predador, não poderia perdoar uma presa fragilizada. Parti para o ataque. Pernada atrás de pernada, passei os dois quase chegando em Jaguariúna. Porém, pelo lado interno da pista, me deparei com uma centena de olhos de gato em linha. Tive que reduzir para não destruir a bike. Os vi passar novamente e, em descida, ganharem distância. Hora de remar novamente.

     Já bem cansado, mas com muita vontade de colar novamente, puxei até o pedágio. Agora era a hora de atacar novamente. Passei na reta, sem pensar muito e entrei na última descida antes que me separasse deles. Sabia que seria pulverizado no declive, mas por conta da geometria favorável de suas bikes. Sem problemas, tinha para mim o gostinho de dever cumprido. Com uma bike quase 10 mil reais mais barata, fui a sombra por mais de 50 km e não deixei que simplesmente passassem e desaparecessem. Parece que a produção do motor está encaminhada. Por hora vamos com uma carcaça mais simples. Num futuro próximo quem sabe mudamos a carenagem!