segunda-feira, 6 de junho de 2011

Surge um mecenas



   Foi por pouco. Decidida a participação no Ironman de 2012, uma estratégia foi elaborada para executar a inscrição. Sim, para se inscrever em um evento como esse precisa-se planejamento. 600 dólares. Esse é o valor da inscrição e, convenhamos, não é pouco dinheiro.

   Enfim, parecia possível economizar um certa quantia por mês, para ter o montante no dia certo. Porém, faltando pouco menos de uma semana, ficou claro que seria impossível realizar o pagamento por conta própria. Tendo em vista que as inscrições historicamente acabam em minutos, não havia muito tempo para pensar uma solução. O que fazer?

   Sem muitas opções ou recursos, começava a me preocupar. Tinha que propor a alguém um empréstimo, um rombo de quase mil reais, sem parcelamento, no cartão de crédito. Como havia sido difícil para mim, não seria fácil alguém comprar essa "brincadeira". Tinha uma chance: Jorge Coli.

   Perguntei sobre a possibilidade e ele topou viabilizar o projeto, deixando que eu acertasse com os valores de nossos treinos. Estava eu ali, em plena sexta-feira, negociando com um professor de História da Arte, o financiamento do Ironman 2012.

    Inevitável a comparação. Foi como se houvesse regressado no tempo, mas precisamente na época do Renascimento. Sentado à uma grande mesa de mármore, em seu branco gelo, frio e imponente, me senti negociando com um mecenas. Não se tratava de Caio Cílnio, nem Lourenço de Medici, mas estava disposto a apoiar minha ambição. Estava fechado: domingo às 00 hs estaríamos finalizando a inscrição.

    Quem dera fosse fácil assim. Em um evento dessa magnitude, onde estão envolvidas 140.6 milhas, nem a processo de inscrição deixa facilita. Tem que merecer pra conseguir! E eu estava tentando. Após encarar um frio de 13°, me coloquei sentado em frente ao computador e, freneticamente, atualizava o site. Com duas opçõesde inscrição (boleto e cartão), optei pelo cartão (péssima escolha!!!) e percebi algo diferente: o horário marcado para a abertura tinha mudado. Não era mais 00:01 hs, mas sim 1 am PST, que no Brasil corresponderia às 5 horas da manhã. Já era 00:13 hs quando tentamos recorrer ao boleto. Tarde demais, inscrições esgotadas.    Frustrado ao máximo, deixei a casa de Jorge com a certza que só tinha mais uma chance: esperar pela 5 hs da manhã. 

   Longos foram os minutos que separaram  meu primeiro fracasso da hora marcada. Mas chegou. Já em casa, há espera de um milagre, tentei me inscrever com todos os cartões disponíveis. Nada, sabia que não seria por aí. Tinha que voltar ao Jorge.

   Retornei e, antes das 7 horas da manhã já batia à sua porta. Ele lutando contra todos os seus instintos e desejos, quase que em processo de auto-flagelação, saiu de seu casulo, do calor de suas cobertas, colocou um casaco e desceu. Tentemos de novo.

   Já tinha preparado tudo: dados preenchidos, status ok, logado...só faltavam os dados do bendito cartão. Calmo e sonolento, vista cansada de sono, ele digitou, um a um, cada número de seu cartão. Eu, como se estivesse concorrendo a um prêmio milionário, acompanha cada dígito na tela do computador. Ansioso, inquieto, dserá que vai dar certo?

   Pay now. Apertado o botão, a barra de tempo rodou, o site processava as informações e veio o resultado: confirmado. Enfim estava escrito. Podia voltar para casa e descansar a cabeça. Mas não antes sem agradecê-lo. Jorge Coli, ou seria São Jorge, possibilitou a  uma mente inquieta algo muito esperado. Obrigado mesmo. Como eu disse antes: seu cartão não é Master, mas o que você fz não tem preço!

Um comentário:

  1. Eu sou Júlio II e vc Michelangelo? Tá bom. Só se vc ganhar. Ou se pintar a capela sistina na minha nova casa.

    Vc escreve bem, mas o professor não dorme, infelizmente: mecenas tem um s no fim.

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