quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fechado para balanço

  

   É isso, dez dias para o Ironman. Fisicamente não resta muito a fazer, apenas tentar conservar tudo que foi construído ao longo do último ano até o dia da prova. E, oscilando entre a euforia e o nervosismo, me peguei analisando todo o processo de preparação que uma prova dessa requer, do dia da inscrição até o momento da largada. E a conclusão é sinistra!

     A correria para se garantir no evento já não é novidade por aqui. Meu Deus, como esquecer a agonia de descobrir (um pouco tarde!) estar no link errado, com fuso diferente e, doze minutos após a abertura das inscrições, já não ter mais vagas pelo site nacional? Acordar às 5 da manhã para tentar fazer pelo sito gringo e não ter o limite? Sair de casa Às 6 da manhã, acordar outra pessoa quase a implorar para que fizesse a inscrição? E, depois de quase 10 horas, enfim ver meu nome confirmado no evento. Se algo começa dessa forma, imagine como vai terminar!

    Daí em diante vieram os treinos. Primeiro sozinho, depois com um técnico de verdade. Grande Márcio Lazari (o coach), responsável não apenas por fazer planilhas, mas por formar atletas, sempre pronto para oferecer uma palavra, seja ela dura ou branda, porém objetiva. Ao longo de nove meses viemos aprimorando nossa relação e, o que começou como algo comercial, profissional, virou uma amizade. E dos treinos, o que fica?

      Sem sombra de dúvida, a palavra que rege a preparação para um Ironman é disciplina. Não é fácil manter a rotina de treinos sem um controle exato de todas a horas do dia. Acordar às 5 da manhã, nadar em piscina descoberta em pleno inverno campineiro, sacrificar todas (sim, TODAS!) as noites de sexta e manhãs de sábado em prol dos treinos, visitar as Mogis todo sábado e ainda manter a rotina de trabalho, estudo e, se der, um pouco de lazer. O mais interessante? Quase sempre com prazer (sim, porque ninguém é perfeito!). E o que  te faz se manter motivado por tanto tempo? Mas que a busca pela realização pessoal, é, a cada treino, olhar para os lados e ver mais um bando de loucos na mesma jornada. Forma-se um clã e damos força uns aos outros. Aprende-se muito nesse meio, pessoas importantes ficam pelo caminho, novos grandes amigos são conquistados e todo o sistema entra em equilíbrio. 

    Agora, perto do fim, chega a hora de pensar a logística da prova. Revisar bike, verificar todo o equipamento a ser usado no dia da prova, comprar os itens faltantes, suplementos....São cinco sacolas ao longo prova. "O que colocar em cada uma?". Calcular o quanto de carboidrato a ser consumido por hora, o quanto de sal, o quanto de água, como dividi-los, qual ponto de reabastecimento utilizar... Nossa, muita coisa! Imagine ter que somar a comida para atingir a marca proposta para uma hora de atividade. Para mim, loucura! 

    E assim passo minha última semana. Tenho três folhas de papel à minha frente, cada uma contendo um tópico: "sacolas da prova', "combinação alimentar (comer + beber)" e "toda a logística". Volta e meia me pego a riscá-la: "será que como essa batata aqui? esse gel vai bem com esse pão? por quanto tempo ficarei com essa garrafa de Gatorade?" Nada fácil.

     Mas agora já temos quase tudo sob controle. Ajustes finas, última visita aos Mogis no sábado e, já na quarta, partimos para Floripa. Posso afirmar, após tanto tempo, que o papel de um técnico foi fundamental, pois cumprir a planilha é a parte fácil da coisa! Lendo a respeito do Ironman, vi alguém citar "deveríamos chamar 'natação.ciclismo.corrida.nutrição'". E é por aí mesmo, pois um erro nutricional no dia da prova (ou até no dia anterior) e você põe tudo a perder. Se a minha estratégia vai dar certo? Não sei. O certo é que li muito, conversei com minha nutricionista, com meu técnico, montei uma boa bagagem e agora é por em prática. Esperar o grande dia e fazer dele um momento de alegria, aproveitando ao máximo e torcendo para nada dar errado. Boa sorte para mim! Boa sorte para nós! 


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