terça-feira, 29 de maio de 2012

Epílogo - Parte 1: Os dias que antecederam

   Era para chegarmos às 9 horas da manhã de quinta feira, mas nos deparamos com um congestionamento monstruoso ainda no Estado de São Paulo. Quilômetros de carros e caminhões parados ao longo da estrada, sem esboçar nenhum sinal de deslocamento. Quando, enfim, conseguimos sair de tal situação, buscamos ao máximo tirar a diferença, mas não teve jeito: fomos forçados a, já às 3 horas da manhã, pararmos em Curitiba para dormir. Uma certeza: perderíamos o treino de natação daquele dia.

    Acordamos cedo, tomamos o café da manhã e continuamos nossa peregrinação. Destino final: Florianópolis. Rodávamos bem, descansados, alimentados e sempre acompanhados por um Sol maravilhosamente brilhoso. O dia estava perfeito! Chegamos perto do meio dia, fomos para praia e acompanhamos o final do treino. Entre profissionais e amadores, todos circulavam pela praia de Jurerê. Eu, boquiaberto, acompanhava tudo, tentando não perder nenhum detalhe: cada bicicleta que rodava pela Av. dos Búzios, cada atleta da elite que cruzava conosco, equipamentos... com certeza estava na Ilha da Magia!

     Almoçamos, nos instalamos em nosso QG e fomos retirar o kit na Expo Iron. Uma galera dispersa em filas aguardavam pelo atendimento. Atletas se cumprimentavam, uma infinidade de sotaques e idiomas davam sonoridade ao recinto. A empolgação vinha crescendo, uma sensação gostosa de estar ali, de poder fazer parte de um espetáculo como aquele. Hora de ser atendido.


   
     Já no balcão, um check in rápido, fotinha para registro, uma breve explicação, pulseira de identificação e a infinidade de sacolas que o Ironman exige ao longo do dia. Todo conferido, nada faltando, camiseta no tamanho certo, hora de descansar.


   


     Sexta feira: será?


     O dia começou chuvoso, carregado, não lembrando em nada o que havíamos vivenciado no dia anterior. Aos que estavam ali para fazer turismo, a estrada. Luizão (Luiz Eduardo - 1121) e eu ficamos em casa, aproveitando toda aquela água para descansar. Congresso técnico de leve, últimas dúvidas esclarecidas e voltamos para casa. A tarde foi dedicada ao ócio. O treino programado tinha ido, literalmente, por água abaixo. "O que fazer à noite?". Fácil, jantar de massas do evento!

     Chegamos ao clube por volta de sete da noite. O cheiro de molho já se alastrava pelo ambiente, a fome despertava de um sono não tão profundo e, antes mesmo de cumprimentar alguém, já estávamos com os pratos em mãos, servindo tudo que tínhamos direito. Uma verdadeira obra prima! Agora era achar onde sentar.

     Foi então que demos conta: não havia mesas vagas! Ficamos rodando pelo salão em busca de brechas. Encostamos em uma mesa e o garçom, gentilmente, tratou de limpar um pedaço da mesma e o "gringo" que ali estava se prontificou a ajudá-lo e ofereceu-nos os lugares. Sem muito charme, puxei a cadeira e começamos a jantar. A gringaiada conversando e nós comendo. Então, quando a maioria havia levantado, uma das meninas que estavam juntas nos perguntou se sabíamos quem era o gringo principal ali presente. Negando conhecimento, fomos informados que estávamos à mesa com ninguém menos que Ken Glah (procurem no Google!). O cara é só um ícone no triathlon mundial, mais nada! Enquanto tentava não morrer engasgado com a notícia, o próprio retorna à mesa e senta ao nosso lado. Que figura simpática! Sempre sorridente, pergunto se era nosso primeiro iron, contou um pouco da sua vida no esporte e, sem nenhum arrogância, disse ter feito 65 ironmans, sendo 10 no Brasil. "65 irons? Putz...". E então veio, abaixando o tom de voz e adotando um semblante mais impositivo, deu-nos um conselho: "Durmam o máximo que conseguirem de hoje até amanhã de manhã, pois o corpo funciona em ciclos de 48 horas e a noite de sábado nem é tão importante. Descansem hoje!". Amigo, nem que o maior estudioso da área desportiva baixassse ali e tentasse contradizê-lo, seria levado à sério. 65 Ironmans? Me despedi de Ken e regressei ao QG. Era hora de dormir!


Sábado: o tal do vento Sul deu as caras!

     Em meio à toda aquela água de sexta, uma"guria" nos disse que "ia passar um vento Sul e que o tempo ia limpar". Acordei sábado bem cedo, já sentindo um calor diferente. Ao sair fora da casa me deparei com um céu de um azul ofuscante, sem nenhuma nuvem. O tal vento Sul tinha realmente atropelado o mau tempo. Perfeito! tudo levava a crer que o domingo seria de tempo bom. Últimos ajustes no equipamento, checagem na bike, todas as sacolas montadas, hora de fazer o bike check in.

     Já na Expo, demos entrada, checagem geral, pose para foto, um staff para te levá-lo ao seu cavalete...o negócio funcionava bem! Posicionei a bike, entreguei minhas sacolas e fui dar uma volta pelas tendas. Tentava encontrar Letícia e Muru, que haviam chegado naquele dia, mas até nada. Rodei, rodei e nada. Já estava em processo de despedida, pegando a chave de casa para continuar meu retiro espiritual, quando vejo uma morena cheia de dentes vindo de braços abertos no meu rumo. "Querido, isso é Florianópolis!" pensei. Enfim os dois queridões surgiram!!! Social com as famílias Coelho e Ribeiro, um bate papo animado, Orival Andries e seus mascotes completando a festa... agora sim o negócio ficara animado! Um breve resumo do que se passara até ali e, inclusive com um sermão do Sr. Murilo Barizon,  parti para casa. Reta final. Deitaria apenas mais uma vez. A próxima levantada da cama seria para encarar meu primeiro Ironman. Fechei os olhos e deixei que o sono viesse.



Nenhum comentário:

Postar um comentário