quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Em dívida com o pedal


     Férias... Eis algo que se passamos os dias contando. "Quando poderei viajar, esquecer do trabalho?". é um momento, na maioria das vezes, merecido. Mas até as férias têm seu lado ruim: o retorno! Meu Deus, como é difícil voltar acordar cedo, deixar o conforto de lado. Sair de uma praia paradisíaca e voltar para um cubículo. Faz parte do processo de merecimento. No meu caso quem está pagando o "pato" é o pedal. Desde o retorno não consegui fazer um treino de ciclismo descente. Nem indescente! Hora de fazer algo.

     Ontem houve uma tentativa de mudar a situação. Depois do fracasso do longão de sábado, era hora de tentar algo. Mesmo que no rolo. Em uma noite quente e úmida de Campinas, toda a estrutura montada em frente À TV (só assim para passar o tempo no rolo), hora de cumprir o treino de segunda, num total de 90 minutos. Não demorou muito para ser cobrado pelo meu recesso. As pernas, onde eram para estar aquecendo, já sinalizavam cansaço. Por conta da umidade, me senti em processo de cozimento. Nem o ventilador direto no corpo melhorava a sensação. Difícil continuar.

     Sabia que não podia desistir simplesmente. Acho que, por conta do ócio de férias, perdi um pouco o controle sobre a dor, o sofrimento de treino, o poder de concentração, de contornar momentos difíceis. Era tendencioso desistir já na primeira meia hora. Repassei tudo que ainda tem por vir: volume de treino, horas e horas de natação, ciclismo e corrida. Treino, treino e mais treino. Para depois encarar os 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida. Abaixei a cabeça, encaixei o ritmo e continuei.

     Já havia uma poça de suor dentro do quarto, como se algo vazasse ali. Não parecia fruto de apenas uma hora e meia de treino. Fora a musculatura das pernas, já dormentes de tanta força feita para permanecer em atividade. Mas de alguma forma, agradecidas por estarem ali. Ao entrar de férias, privei-as dos prazeres que desfrutam durante o período de treino. Colocá-las para cima não supre mais as necessidades vitais. Agora, como membros independentes, parecem me cobrar ação, comprometimento. Exigem que cumpra à risca cada dia da planilha. "Ok, vocês venceram.".

     O melhor de quebrar se inércia é o desejo de permanecer forçando. As memórias de treinos duros sofridos anteriormente retornam. O desejo de que planilhas piores venham aumenta. É como se estivesse em transe. Volto a usar meus treinos como válvula de escape. Momentos bons e ruins são canalizados em energia. Pronto para mais uma. Bora treinar!

Um comentário:

  1. Cara, não sabia do seu blog... nem sei direito como cheguei aqui, acho que foi pelo Facebook...
    De qq forma, parebéns pelos textos, bons de ler e com um certo estilo! Legal mesmo! Me identifiquei com algumas coisas, compartilhamos o amor pelo esporte, com certeza.
    Atualmente estou indo trabalhar de bike, todos os dias, e estou montando uma bike nova, peça por peça. Não treino tanto como vc, mas curto a vida sobre a magrela.
    Bem, abraços, vou continuar acompanhando!
    Saulo

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