Sucesso a longo prazo.
Aprendi
muito cedo a não ser levado por emoções. Não que seja a melhor forma de se
viver, mas às vezes pode ajudar. Porém tinha no futebol uma válvula de escape.
Era dentro daqueles noventa minutos que podia extravasar, bater no peito,
xingar alguém sem criar uma confusão generalizada, enfim, apenas reagir aos
lances da partida.
Isso
mudou na faculdade (a última, de Educação Física). Quando fui trabalhar com
futebol e tive a oportunidade de fazer o scout de toda a Copa de 2010. Agora o
futebol era números, o “uh” pelo gol perdido era tido como um dado negativo no
banco de dados do jogador ineficiente. Simples assim. Frio não? Concordo, mas
isso permitia que conseguíssemos prever algumas situações, resultados e não
simplesmente engolir o que alguns comentaristas dizem nas transmissões. É claro
que o fator surpresa sempre estará presente no futebol, mas ver os números
ditando as regras do jogo, para mim, era algo mágico.
Não
entendia como o futebol da Espanha era tão aclamado. Via aquilo como uma atividade
recreativa nas escolinhas de futebol, algo tão banal, primário, a simples
execução de um fundamento do futebol: o passe. Era muito mais o futebol da
Holanda, mas não deu e o “tic tac” foi (enfim) campeão mundial. Mas não demorou
muito e o sistema foi neutralizado. Afinal todos tinham tido essa aula e sabiam
que, para impedir uma troca de passes, era preciso diminuir os espaços, marcar
pressão. O Bayern (olha eles aí) aplicou, na soma dos placares, sete a zero (e
os 7 gols também) no Barcelona e acabou sendo campeão da Champions logo em
seguida. Daí em diante a “magia” do toque de bola e a posse da mesma beirando
80% no jogo já não resolvia a partida.
Então
chegamos à Copa e, de cara, a revanche da última final. Resultado? Goleada na
então campeã: 5 X 1 para a Holanda. Time novo, mas com os grandes nomes da
última campanha. Optei por não me apegar muito, pois me conheço e sabia que
iria me “perder em campo”. Chegou a fase
eliminatória e decide assistir Brasil e Chile. Lembrei-me dos tempos de colégio
e a tão disputada partida de queimada. Sim, isso mesmo: queimada!! Ficávamos
jogando a bola por cima dos adversários, fazendo-os correr de lá para cá. O
Brasil parecia fazer o mesmo: chutão da zaga para o ataque, nada de meio campo.
Passou no sufoco. Vi o jogo que decidiria quem seria o adversário do Brasil e
pude apreciar uma Colômbia que sabia o que fazer com a bola, tocando de pé em
pé. Temi pelo pior e cravei a derrota do Brasil, reforçando que o fator sorte
poderia imperar. E imperou, o Brasil fez seu melhor jogo, trocando passe pelo
meio, sem tentar resolver com chutão... mas ainda era uma equipe frágil.
Quis o
destino que viesse a Alemanha na semifinal. Perguntaram-me qual seria o placar
do jogo. Eu, observando todos os olhares de reprovação, optei por ser
conservador e emplaquei um dois a um para a Alemanha. Pra que... todos presente
começaram a esbravejar. Mas durou pouco, pois logo o placar estava aberto e,
sem muito demora, dilatado de forma que seria impossível reverter. Não pelo
número, mas pelo desnível de forças ali presentes. Resultado óbvio e esperado:
vitória da Alemanha. A goleada foi só para mostrar que as coisas estão muito
erradas. Depois ainda escutei um “preferia que você às vezes estivesse errado”.
Não é questão de não ser patriota. Gosto do bom futebol, da arte em sua mais
bela forma, e não uma simples camisa. Prefiro a frieza de prever uma derrota
pela fragilidade de um todo a ser o patriota fanático que brada o hino às
lágrimas e, no momento da derrota, passa a vaiar e a xingar aqueles que até então
estavam a representá-lo.
Pois
bem, para não ficar só em cima de discussões vazias, resolvi levantar alguns
dados. Primeiro fiz um comparativo entre as duas equipes pelo site da FIFA até então. Os números eram quase os mesmos:
número de gols, assistências... Agora faltas e passes corretos a Alemanha tinha
o dobro a seu favor (menos cartões e mais passes). Veja bem, não era por
quantidade de passes dados, mas pela efetividade dos mesmos. Após o jogo, fiz
um levantamento das duas seleções desde 2006. Isso é algo que faço sempre
depois de qualquer grande conquista em grupo. Por quê? Vejamos:
A Alemanha tem na
Copa de 2014 onze jogadores que participaram da última Copa, dos quais oito
foram titulares hoje, além de um técnico que está no grupo desde 2006 (então
auxiliar). De todo o seu plantel, 12 dos 23 (mais de 50%) convocados jogam
juntos, divididos em dois times: Bayern e Borussia. Cinco deles vêm desde a
Copa de 2006. Em resultados, a Alemanha foi 3º em 2006 e 2010.
O Brasil tem na Copa de 2014 tem 5 jogadores da última Copa
(dois eram titulares) mais o Fred (2006). A melhor marca é ter 3 jogadores no
Chelsea (um é titula na seleção) e 2 no Barcelona (ambos titulares). Da Copa de
2006, só Júlio César, Fred e Parreira. Em resultados, o Brasil foi 5º em 2006,
6º em 2010.
A
conclusão é sempre a mesma: o sucesso é algo se colhe com o tempo. Um grupo
vencedor é feito com muito trabalho, tem que “calejar”, aprender nas derrotas.
O imediatismo brasileiro muitas vezes faz com que desistamos na primeira queda.
Achamos que é hora de mudar, que está tudo errado. A Itália saiu na fase de
grupos na Copa passada e manteve o técnico (que pediu demissão agora, mas já
tem o grupo ao seu lado), o Klismann vai continuar seu trabalho na equipe dos
EUA, a Bélgica e a França vieram para cá pensando em 2020, até a Holanda, que
ainda mantém seus medalhões, trouxe uma molecada para pegar o ritmo pra 2020.
Quer dizer, está mais que provado que a cultura futebolística brasileira tem
que sofrer uma reforma. Chega dessa mesmice de “perdeu, troca o técnico”. É
hora de começar a aplicar um conceito difundido no mundo esportivo mundial
(aqui é lenda!!): ciclos olímpicos. Pensar de quatro em quatro anos, saber
esperar, construir o sucesso. Qualquer grande construção está apoiada em uma
base sólida, firme. O imediatismo não leva a nada. A sorte às vezes resolve,
mas não dura para sempre
ALEMANHA
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2006
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2010
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2014
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GOLEIROS
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Jens Lehmann
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Manuel Neuer
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Manuel Neuer
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Oliver Kahn
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Tim Wiese
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Timo Hildebrand
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Hans Butt
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ZAGUEIROS
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Marcell Jansen
|
Marcell Jansen
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Erik Durm
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Arne Friedrich
|
Arne Friedrich
|
Kevin Grosskreutz
|
|
Robert Huth
|
Denis Aogo
|
Benedikt Howedes
|
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Jens Nowotny
|
Serdar Tasci
|
Mats Hummels
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|
Per Mertesacker
|
Per Mertesacker
|
Per Mertesacker
|
|
Christoph Metzelder
|
Jerome Boateng
|
Jerome Boateng
|
|
Philipp Lahm
|
Philipp Lahm
|
Philipp Lahm
|
|
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Holger Badstuber
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Shkodran Mustafi
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MEIO CAMPO
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Sebastian Kehl
|
Piotr Trochowski
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Goetz
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|
Bastian Schweinsteiger
|
Bastian Schweinsteiger
|
Bastian Schweinsteiger
|
|
Torsten Frings
|
Mesut Ozil
|
Mesut Ozil
|
|
Michael Ballack
|
Thomas Muller
|
Thomas Muller
|
|
Thomas Hitzlsperger
|
Marko Marin
|
Julian Draxler
|
|
Tim Borowski
|
Toni Kroos
|
Toni Kroos
|
|
Bernd Schneider
|
Sami Khedira
|
Sami Khedira
|
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David Odonkor
|
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Matthias Ginter
|
|
|
|
Christoph Kramer
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ATACANTES
|
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|
|
|
Lukas Podolski
|
Lukas Podolski
|
Lukas Podolski
|
|
Gerald Asamoah
|
Mario Gomes
|
|
|
Miroslav Klose
|
Miroslav Klose
|
Miroslav Klose
|
|
Oliver Neuville
|
Cacau
|
Andre Schurrle
|
|
Mike Hanke
|
Stefan Kiessling
|
|
TÉCNICO
|
|
|
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Klismann
|
Loew
|
Loew
|
AUXILIAR
|
|
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|
|
Loew
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CLASSIFICAÇÃO
|
Terceiro
|
Terceiro
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BRASIL
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|||
|
2006
|
2010
|
2014
|
GOLEIROS
|
|
|
|
|
Dida
|
Gomes
|
|
|
Rogerio Ceni
|
Doni
|
|
|
Julio Cesar
|
Júlio César
|
Júlio César
|
ZAGUEIROS
|
|
|
|
|
Cafu
|
Maicon
|
Maicon
|
|
Cicinho
|
Michel Bastos
|
Maxwell
|
|
Roberto Carlos
|
Thiago Silva
|
Thiago Silva
|
|
Gilberto
|
Gilberto
|
Davi Luis
|
|
Cris
|
Daniel Alves
|
Daniel Alves
|
|
Lucio
|
Lucio
|
Marcelo
|
|
Juan
|
Juan
|
Dante
|
|
Luisão
|
Luisão
|
Henrique
|
MEIO CAMPO
|
|
|
|
|
Emerson
|
Elano
|
Luis Gustavo
|
|
Zé Roberto
|
Ramires
|
Ramires
|
|
Gilberto Silva
|
Gilberto Silva
|
Fernandinho
|
|
Edmilson
|
Kléberson
|
Hernanes
|
|
Kaká
|
Kaká
|
Oscar
|
|
Ronaldinho Gaúcho
|
Júlio Batista
|
Willian
|
|
Ricardinho
|
Josué
|
Bernanrd
|
|
Juninho Pernambucano
|
Felipe Melo
|
Paulinho
|
ATACANTES
|
|
|
|
|
Ronaldo
|
Nilmar
|
Neymar
|
|
Adriano
|
Luis Fabiano
|
Hulk
|
|
Robinho
|
Robinho
|
Jô
|
|
Fred
|
Grafite
|
Fred
|
TÉCNICO
|
|
|
|
|
Carlos Alb. Parreira
|
Dunga
|
Felipão
|
AUXILIAR
|
|
|
|
|
|
|
Carlos Alb. Parreira
|
|
|
|
|
CLASSIFICAÇÃO
|
Quinto
|
Sexto
|
|